
A fotografia entrou na vida de Luiz Tripolli através de outra paixão, as mulheres. Tripolli, desde pequeno, desenhava e estava em busca de um caminho para seguir na vida. Em suas palavras: “Meu interesse era arrumar uma paixão para motivar minha vida.”.
Depois de permanecer por um tempo como ouvinte na escola de Belas Artes a convite de uma prima descobriu o laboratório fotográfico e foi então que a magia da fotografia entrou em sua vida, ao perceber o fascínio de captar a vida de um ser humano em uma fração de segundo e depois, em um quarto escuro, a revelação, a ampliação e a imagem surgindo na banheira de químicos.
Foi então que Tripolli percebeu que aquela técnica era uma arma muito potente para poder trabalhar com aquilo que mais gostava: as mulheres.
No início passou por muitas dificuldades para aprender, pois naquela época, o ano era 1962, existia uma resistência dos estúdios aceitarem um garoto, principalmente um garoto que perguntava muito.
Acabou enfim conseguindo um emprego num laboratório na Rua Princesa Isabel e através desse emprego e de um segundo, como office boy, adquiriu sua primeira máquina fotográfica.
Foi quando começou a descobrir realmente o talento para fotografia e que podia mudar conceitos, pois já naquela época tinha uma maneira particular de visualizar as coisas e o mundo, além de uma observação da luz diferenciada, o que só viria a ter consciência mais tarde.
Os anos se passaram e Luiz Tripolli começou a fazer história no Rio de Janeiro, dentro da MPB, na época a Bossa Nova e no jornalismo em veículos como o Pasquim.
Na época começou a trabalhar com prostitutas. Como era menor de idade esperava na porta das casas noturnas até o horário em as prostitutas saiam e propunha a elas que participassem de ensaios fotográficos, cujo resultado seria utilizado por ambas as partes.
Em uma dessas aventuras acabou levando seu trabalho para a primeira revista masculina, chamada Fair Play. O então editor da revista, Ziraldo, não acreditou que aquele trabalho fosse realizado por Tripolli, obrigando-o a levar uma das prostitutas até Ziraldo para a confirmação da autenticidade trabalho.
Neste momento inicia-se então o trabalho de Luiz Tripolli com as mulheres.
Trecho de Entrevista de Tripolli à revista Carta Capital
- Não é uma questão de arrogância ou prepotência, mas eu sei que sou o melhor fotógrafo do Brasil na minha área. A mulher, quando eu comecei, era um cabide, um objeto. Eu fiz a mulher rir, chorar, andar, mas nunca tive da imprensa, de modo geral, o reconhecimento por isso. O jornalismo cultural, que tem medo de ser generoso, meteu um rótulo em mim e achou que eu não merecia ser levado a sério.
Direto e sem cerimônias, Tripolli emoldura seu olhar com óculos grandes e pretos e modula suas frases com uma voz forte e grave. No ateliê alojado num prédio baixinho e antigo da Rua Augusta, nos Jardins, em São Paulo, ele dá de ombros para a modéstia. Mas também não se furta a comprar brigas.
Ao mesmo tempo em que defende a presença de fotos de mulheres no Masp, Tripolli chama a atenção para a impossibilidade de mantê-las nas revistas que ajudou a criar. Quando questionado sobre seu afastamento da imprensa, deixa-se cair para trás, franze a testa e remói:
- Você me pergunta por que eu não trabalho mais para revista masculina? Eu te explico: eu fui o pioneiro de todas elas, mas a mulher nua, para mim, é um ser humano fantástico. Ela não é só uma bunda. E eu não vou ficar fazendo foto pra masturbador.
Nesse ponto da conversa, não é necessário sequer interpelá-lo para que relembre um polêmico – e significativo – fato que protagonizou em 2002:
- A minha briga com a Playboy foi exatamente essa: tinha de botar mulher de perna aberta. Hoje, a Playboy está equiparada à Sexy. Fiz um ensaio com a Deborah Secco e me disseram que existe uma pesquisa mostrando que, em todo ensaio, deve haver três fotos de mulher de perna aberta! Fazer foto pra burro eu não faço.
Trecho de Entrevista de Tripolli ao Jornal da Tarde
Jornal da Tarde – Você sempre esteve rodeado por beldades ?
Isso é ilusão. Eu diferencio o mulherengo do “galinha”. O mulherengo gosta da mulher e a trata bem. Como conseqüência, tem o melhor delas. O “galinha” usa as mulheres. O fotógrafo tem de ser um mulherengo.
As revistas masculinas não estão se repetindo?
Os fotógrafos estão perdendo o estilo. Estão fotografando mulheres como se fossem pedaços de carne. E as revistas ainda retocam as fotos em computador. Se uma mulher tem de ser retocada, é porque ela não deve ser fotografada.
Não há mulheres bonitas sendo fotografadas?
A “estética burra” me irrita. O Brasil é o país que tem o maior número de mulheres bonitas do mundo. Mas o padrão de beleza vem de fora e temos de seguir o conceito “Barbie”. Isso não combina com o perfil de nossas mulheres.
O padrão de beleza não está nas passarelas ?
Há três ou quatro mulheres no São Paulo Fashion Week que nasceram para aquilo, como Gisele Bündchen e Ana Hickmann. Elas não sofrem, são felizes. Mas quando vejo um desfile me parece que o produtor foi a um necrotério, pediu 20 defuntos de meninas e as colocou na passarela.
Qual é aquela grande foto que você não fez?
Ainda quero fazer um ensaio com Gisele Bündchen.
Mulher bonita tem faixa etária?
Não deveria. Fiz um ensaio com Cristiane Torloni há 22 anos. Se fizesse hoje, sairia muito melhor. Ela está mais bonita.
(iloveblog)
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